Terça-feira, 19 de Fevereiro de 2008

A estória de hoje aconteceu há umas dezenas de anos, quando ainda se podia fumar em qualquer lugar ( excepção feita a hospitais e igrejas) e quando fumar ainda era coisa quase só de homens cá por Sobrado.

Um dos novatos sobradenses tinha começado a dar as suas passas, o sublime trago da nicotina fazia-o sentir-se maior, mais homem, mais gente num tempo em que as gentes eram bem mais duras que agora. Era um mimo puxar do seu cigarro com gestos quase ensaiados e deleitar-se com umas passas bem dadas enquanto era admirado pelos amigos de vício. No entanto,o  pai é que não podia saber deste súbito crescimento sob pena de lhe cortar as raízes.

Ora a " coisa" tornava-se então difícil para o viciado moço quando, por algum motivo lhe davam ganas de fumar em casa. Depois de muito ruminar ( ajudado pelos odores tabagistícos ) descobriu o lugar ideal para " matar a negra" lá por casa, a latrina.

Assim sendo, sempre que a vontade apertava ( a de fumar claro está) lá se dirigia o mancebo sorrateiremente à latrina para aliviar a volúpia. Mau passo dado. Já lá diz o ditado " Filho és, pai serás" e o pai do mancebo também tinha sido filho e fértil em ideias. Vai daí, numa das aflitas corridas do filho à latrina, o pai, à cata segue-o, prevenido com um balde de água. Aguarda,  por fim vê fumo ( esbranquiçado) era a hora, de rompante abre a porta da latrina e apaga o fogo, informando calmamente o filho encharcado " Onde há fumo há fogo, e quando há fogo eu apago-o".

 



publicado por estoriasdaminhaterra às 19:18
Fico grata pelo elogio, e feliz por ter gostado pelas estórias da minha terra. Espero que continue a visitar o blogue. Bem haja, Fábia Pinto

O blogue estoriasdaminhaterra recolhe estórias da tradição oral sobradense bem como factos da vida comum de uma pequena vila dos arredores do Porto...
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