Finalmente chegou o mês de Junho, o mês do S. João. Confesso que estava ansiosa que entrasse o mês para começar a escrever sobre a festa. No dia 24 de Junho realiza-se em Sobrado uma festa de características peculiares. As bugiadas. A festa tem raízes antiquissímas, não se conhecendo ao certo a sua génese, no entanto acredita-se que esteja ligada às comemorações do solstício de verão ( assim como em Podence se comemora o solstício de inverno com os caretos). Mas passemos à estória propriamente dita.
Conta-se que habitavam na serra de Cucamacuca ( Sta Justa) mouros ( mourisqueiros), provavelmente na extração do ouro, sendo que a filha do rei Mouro ( Reimoeiro) adoedeu gravemente.
O rei chamou todos os sábios e curandeiros da região afim de curarem a filha. Sem resultado. A jovem não melhorava. O Rei começava a impacientar-se quando, ouviu falar de uma tribo cristã que habitava ali perto ( Sobrado) e que tinha uma imagem milagrosa ( S. João), eram os bugios. A imagem já havia noutra ocasião curado a princesa dos bugios.
O Rei mouro, em desespero de causa pediu a imagem emprestada aos bugios, que acederem ao pedido.
A princesa moura é curada.O rei mouro organiza então grandes festas em honra de S. João, mas recusa-se a devolver a imagem aos bugios. Mas a ingratidão do Reimoeiro vai mais longe, em almoço por ele oferecido, em jeito de afronta oferece aos bugios os restos do repasto.
O " caldo" estava entornado. Os bugios reclamam a imagem como sua, os mouros recusam-se a dá-la. Estala a guerra. São trocadas mensagens entre os dois reinos afim de se fazer a paz. Nada feito. Os Senhores doutores de Lei ( advogados), também intervêm e debatem as leis entre eles. Não chegam a acordo. trocam-se tiros entre os dois castelos.
O ambiente aquece. O Reimoeiro, farto do impasse em que se tornou a guerra, reúne o exército e toma o castelo cristão ( bugio) de assalto prendendo o Velho ( rei dos bugios).
Tudo parece perdido, sem a imagem e com o rei preso, a tribo cristã que pecou apenas pela sua generosidade, vê o seu fim perto, às mãos mouras. O rei cristão é levado. Só um milagre poderia salvar a tribo cristã e o seu rei.
Mas, eis que um reduto de bugios fieis ao rei surge, entre a multidão, trazem algo, uma serpe gigantesca que assusta os mouros ( fugindo deixando o Velho da bugiada para trás). Restitui-se a ordem inicial. Como sempre o bem triunfa.