Quinta-feira, 05 de Julho de 2007

Aqui está uma estória familiar. Acredito que como já se passaram muitos anos, já não há grande perigo de ferir susceptibilidades familiares e a estória é mesmo merecedora de registo.

O meu bisavô era um homem de fibra, daqueles que olhamos e temos instintivamente respeito e orgulho ( no caso familiar).

Era recto e duro, e nem mesmo no leito da morte deixou os seus princípios e teimosias de lado.

Gostava de comer ( carne de porco preferencialmente) e beber bem, e nem mesmo quando um médico o advertiu para a necessidade de fazer uma dieta, sob pena de se não a cumprisse não era homem para muito tempo, não se deu por achado respondendo-lhe prontamente " Morra marto morra farto", ou seja morrer por morrer, morrer satisfeito.

Com efeito nunca fez a dita dieta, e a advertência que  o médico lhe tinha feito não tardou em chegar. Começou a quebrar e acabou na cama. Sentindo que os seus dias estavam próximos do fim, informou ainda que gostaria de provar um porquito que estava na corte. Fez-se a vontade ao pai. Marcou-se a matança do bicho. Á noite a filha preparou-lhe uma fevera para o pai provar o dito animal. Mastigou, mastigou e acabou por a deitar no prato sem a conseguir engolir dizendo com as forças que lhe restavam:

- Isto já não passa, mas um copito ainda vai! Bebendo-o de seguida.

Durante a noite, faleceu, satisfeito.


sinto-me: baú das estórias familiares

publicado por estoriasdaminhaterra às 11:01
Homens de fibra já há muito poucos. Também o meu bisavô, avisado pelo médico que devia deixar de fumar (fumava 3 maços de cigarros sem filtro por dia) ou não duraria muito tempo respondeu que ninguém lhe ia tirar a única alegria que tinha na vida. E assim foi, fumou até à hora da morte. :-) Um beijinho
daplanicie a 5 de Julho de 2007 às 19:36

E concerteza morreu satisfeito! Tal como o meu bisavô... Dou graças por ter vicios bem mais "softs", também hei-de escrever até ir desta para melhor, nem que os médicos o proibam! ehehehe

Tu tens muitas histórias pr contar... Sim Sra,muito bem!
Continua com essa tua veia.
Beijinhos
ANA a 6 de Julho de 2007 às 09:57

Saudações blogueiras, agradeço o comentário, espero que a minha " veia" tenha sido capaz de a captar como leitora do blogue... Já agora conheço-a?
Bem haja e boas leituras...

Estou super entusiasmado não fazia a mínima ideia que na minha santa terra havia tal contadora de “estórias”. Serve o presente para agradecer tal empenho e que o mesmo seja valorizado e preservado. Esta como muitas outras que aqui descobri fazem-me ter ainda mais orgulho da terra que nasci e cresci. Espero nela viver até à hora em que o meu vício me levar e que este seja o teu tanto quanto sei a net é fraca nos hospitais dessa tas safa.
Sugestão para este blogue: dá trabalho eu sei mas mesmo assim fica. Que tal uma entrevista mensal a ilustres sapiências da nossa rua, lugar e freguesia. Pergunto-me quantas “estórias” sem têm apagado. “Uma espécie de liga dos últimos”
Recordo uma senhora que não me lembro do nome, está debaixo da língua e não se chama Noé, que precisamente vivia na costa. Faleceu à 7 ou 8 anos, e também como tu uma excelente contadora de “estórias”, e penso, nas quantas pessoas como essa senhora há na nossa e não têm net ou não sabem escrever.
Sei que sabes quem sou mas não sei se sabes quem sou!
“Alguém que me apertou os guizos” faz-me lembrar outra como o português é malandro.
Não Pares!
mario a 21 de Junho de 2008 às 03:02

Olá Mário!É claro que sei quem és ( não fossemos vizinhos e ex-colegas de escola) e é claro que não me esqueci da " cena" de te apertar os guizos da farda de bugio ( não vá o diabo tece-las e haverem más interpretações ).
Agradeço o cumprimento e a ideia ( resta-me arranjar tempo para a colocar em prática). Por agora só vou conseguindo escrever aos bocadinhos e cada vez mais espaçadamente... Em todo o caso aproveito a ocasião para sublinhar mais uma vez que o blog está aberto à comunidade e a novas estórias , portanto sempre que te lembres de alguma podes envia-la para storiasdaminhaterra@sapo.pt que será publicada no blogue com os devidos direitos de autor.
Mais uma vez obrigada pelo cumprimento e incentivo e vai aparecendo por cá!
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Olá Mário!É claro que sei quem és ( não fossemos vizinhos e ex-colegas de escola) e é claro que não me esqueci da " cena" de te apertar os guizos da farda de bugio ( não vá o diabo tece-las e haverem más interpretações ). <BR>Agradeço o cumprimento e a ideia ( resta-me arranjar tempo para a colocar em prática). Por agora só vou conseguindo escrever aos bocadinhos e cada vez mais espaçadamente... Em todo o caso aproveito a ocasião para sublinhar mais uma vez que o blog está aberto à comunidade e a novas estórias , portanto sempre que te lembres de alguma podes envia-la para storiasdaminhaterra@sapo.pt que será publicada no blogue com os devidos direitos de autor. <BR>Mais uma vez obrigada pelo cumprimento e incentivo e vai aparecendo por cá! <BR class=incorrect name="incorrect" <a>Fábia</A>

O blogue estoriasdaminhaterra recolhe estórias da tradição oral sobradense bem como factos da vida comum de uma pequena vila dos arredores do Porto...
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