A estória de hoje que tem quase tanto de cómica como de dramática, teve como " lembrança" um post de uma outra blogueira http://daplanicie.blogs.sapo.pt/ que tenho por hábito ler. Ora andando eu nestas lides blogueiras dou com o post da minha " colega" sobre violência doméstica. O post sério e actual remeteu-me de imediato para uma estória da minha terra, digna de registo e que toca ( de leve ) o tema. Nesse sentido, cá fica a dita estória, que muitos risinhos arranca quando é contada e que aborda um tema sério e preocupante do modo característico português- com critíca galhofeira.
O Zé era uma figura típica cá da terra. Tinha a fama de ser fanfarrão cá por fora mas em casa quem mandava era a mulher, sendo que não raras vezes esta acertava-lhe o passo.
Tendo certo dia, por artes do mafarrico, ter chegado a casa já bem comido e bem bebido, a mulher põe-lhe uma malga de carldo à frente, para a janta. Ele vira d'um lado, vira d'outro e não havia meio de comer. A mulher começa a ficar irritada com tanta moléstia e avisa-o:
0u comes a bem ou comes a mal, carai!
Ele encolhe os ombros e continua a dança com o carldo, sem o comer. A mulher farta de tanto faz que come, enervasse e chega-lhe a roupa ao pêlo.
Resultado da cena , vai-se lá saber como, a peripécia chega aos ouvidos do povo, que depois, como quem não quer, gozava de escarninho:
- Oh Zé então elas caíram-te!?
Ao que o pobre respondia, com tom fanfarrão:
- Levar levei mas comer não comi!
Carldo - calão sobradense referente a caldo, sopa;
Janta - Calão Sobradense referente a jantar; refeição;
Acertar o passo / Chegar a roupa ao pêlo - bater