O Quelhas, embora habitante da terra vizinha costuma frequentar as " capelas" de Sobrado. È o bêbado da terra.
È usual vermos o Quelhas ao fim de semana a trocar as pernas e a falar sozinho. É um bêbado simpático.
A estória que escrevo hoje é a transcrição de uma conversa entre ele, o meu avô e eu, de um sábado ao final da tarde.
O Quelhas é avistado ao longe pelo meu avô, a cambalear como sempre.
- Não é o Quelhas? Já vem torto.
O Quelhas aproxima-se, meio torto com ar simpático e a enrolar as palavras.
- Eu conheço-o ( aponta o meu avô). É teu avô? ( começa o monólogo). O teu avô é meu amigo. Sabes quem eu sou, sou quelhas, sou eu que trato da minha mãe,a minha mãe gosta de mim, é boa. Olhe a Sra. rosa 'tá boa?, é minha amiga, o teu avô é meu amigo, eu conheço o teu avô, você conhece-me?
- Conheço conheço, responde o meu avô, tens de beber água...
-Água? não... não gosto, gosto de cerveja e de vinho. Quer vir beber uma cerveja?
- Não, não gosto. Só gosto de água. Também devias beber água.
- Não água é para os peixes, a cerveja faz bem. A estrada tem buracos sabia? O teu avô é meu amigo. Vou ali ao café, tenho uma cerveja para mim. Não quer uma? e a menina? A cerveja faz-me bem!
- Dizes tu que tens uma cerveja para ti no café, quantas já bebeste hoje?
- Uma, só uma mas estava bêbada. Faz-me bem, o teu avô é meu amigo ( bate no peito apontando o coração).
Desce o resto da rua, rumo a mais uma cerveja bêbada.