Quarta-feira, 29 de Agosto de 2007

O desafio foi lançado pela Daplanicie, pegar no livro que estivesse mais próximo e abri-lo na página 161, de lá tirar a quinta  frase completa, publica-la e finalmente passar o desafio a 5 pessoas.

O livro que estava mais próximo era o que estava hoje de manhã por cima da pilha de livros da mesinha de cabeceira. Acabei-o ontem. Agora tenho de arranjar um substituto para as minhas noites de verão. Aceito sugestões! E o resultado foi este:

 

(...) Mas eu sabia que pensava no destino do Primeiro Astrólogo que o procedera, tal como sabia, quando rememorava a minha infância ou até os animais da nossa quinta, que os mesmos pensamentos lhe atravessavam o espírito.(...)

 

in A cidadela branca, Orhan Pamuk, Editorial presença

 

Resta-me a nomeação dos felizes comtemplados para continuarem o desafio.

 

http://4thefun.blogspot.com

 

http://galaktos.blogs.sapo.pt

 

http://mirandum.blogs.sapo.pt

 

http://sobrado_sl.blogs.sapo.pt

 

http://trovoadaseca.blogs.sapo.pt

 


música: Ser poeta...
sinto-me: com óculos para conseguir ler

publicado por estoriasdaminhaterra às 09:50
Terça-feira, 28 de Agosto de 2007

Foto do site http://www.eb1-campelo-1.rcts.pt/index.htm

 

Longe vão os tempos em que entrava na escola nº1 de Campelo como aluna. Gostava de estudar e da escola. Ainda hoje quando passo pela escola sinto uma melancolia da infância perdida indescritível . A escola nº1 de Campelo foi a base dos meus conhecimentos, da minha vida em sociedade e como não podia deixar de ser, palco de muitas estórias .

A estória de hoje é pessoal, daquelas de infância que se guardam com carinho e saudade na arca das lembranças do tempo de inocência.

A professora ( de uma paciência imensurável) revia a matéria dada em jeito de preparação para os últimos testes do ano lectivo. Falávamos de geografia, inserida obviamente no programa de meio físico. Ela perguntava, nós respondíamos . Simples. Ao lado do quadro negro de ardósia o mapa do país que incluía o oceano atlântico e um bocado da Espanha. A revisão era dada por aí. A professora perguntava as cidades e nós indicávamos no mapa. Mas um dos meus colegas não tinha estudado a lição, a professora rapidamente se apercebe e chama-o ao mapa. Pede-lhe que diga onde é Lisboa, não localiza, depois o Porto, não localiza, a Espanha, nada, finalmente a professora, numa tentativa final que pelo menos o aluno identificasse o que era terra e o que era mar pergunta-lhe onde era o oceano Atlântico, no mapa. O meu colega, cansado de tanta pergunta, dos risos dos colegas e sem perceber os nossos sinais, firma a mão no "atlântico" ( para descansar) enquanto procura afincadamente o Atlântico no lado de Espanha. Caso perdido. Risota velha. Ficou a estória e a certeza que hoje o meu colega sabe perfeitamente onde é o Atlântico.


sinto-me: saudosa
música: quando eu era pequenina

publicado por estoriasdaminhaterra às 17:09
Segunda-feira, 27 de Agosto de 2007

 

Os Sobradenses viram-se recentemente acariciados com uma nova estrada. A continuação do IC24 que liga rapidamente os sobradenses ao Porto. A obra, bastante publicitada, não ficou à margem dos sobradenses , que em "excursões" mais ou menos organizadas lá iam visitando os avanços da estrada. O t'i Manel obviamente também visitou os avanços das obras. Ia de bicicleta, pedalando em jeito de sprint pelas macias vias do IC. Mas as romarias tinham o fim marcado, com a inauguração a estrada ficava logicamente fechada a peões e ciclistas.

O Ti Manel não achou piada a que a SCUT ficasse só ao alcance de carros, inviabilizando assim a sua pedalada diária em tão macio e plano leito. Teve uma ideia. Mas antes de tomar uma decisão mais arrojada ( num rasgo de lucidez) decidiu aconselhar-se com o cunhado.

- Como sabe ( trata-o por você) eu gosto de ir andar para a estrada nova, vou pela Devesa meto-me na estrada e vou até Paços de Ferreira, depois quando já estou bem viro para trás ( em contramão portanto) e venho por aí abaixo naquela estrada macia, é um mimo. Eu ando cá a pensar eles agora vão abrir a estrada e dizem que não se pode ir para lá de biciclete , já me lembrei de ir ali à GNR de Campo e pedir uma licença especial para andar só na berma - aquilo tem uma berma larga- e assim não estorvo aos carros e ando numa estrada de categoria... que me diz?

Obviamente o cunhado desaconselhou-o a tal empreendimento sob pena de ser gozado pelos polícias, mas para mim e tendo em consideração que brevemente a SCUT em causa vai ser paga era uma boa ideia, em vez de se andar de carro andar de bicicleta ( um veiculo não autorizado, logo não pagante)... e não polui!


sinto-me: cabecinha pensadora
música: a dos carros a passar

publicado por estoriasdaminhaterra às 16:22
Sexta-feira, 24 de Agosto de 2007

Esta estória foi-me contada há já algum tempo, pelo meu instrutor de condução, diga-se de passagem um contador de estórias nato.

Ao que parece dois habitantes da Gandra ( não confundir com a freguesia vizinha pois esta Gandra é um lugar da freguesia de Sobrado que vulgarmente é chamada pelos demais Sobradenses como " a ilha" ) decidiram fazer uma aposta. Subir a um pinheiro. O que subisse mais alto ganharia a aposta e veria assim reconhecida a supremacia da sua coragem e audácia. Feito. Escolheram o pinheiro e subiram-no. O primeiro rapaz subiu até meio, não conseguindo ultrapassar esta marca. O segundo, mais audaz quis ser heroi . Subiu, subiu e subiu, chegando à " calucha " do pinheiro. Aposta ganha olha para baixo para confirmar a vitória. as pernas tremem-lhe como varas verdes. O colega a ver a cena, incentiva-o " desce, anda daí", ao que o outro retorna com voz tremida "não posso, chama a avó!" , " anda daí, não subiste?, agora desce" , " aiiii , não posso chama a avó".

Não se chamou a avó, chamou-se sim os bombeiros para tirar o trepador do pinheiro, que ao que se sabe ainda brincaram com a situação um bom bocado até descer o pobre rapaz.

Para mim nunca teve tanto sentido o provérbio " quanto mais alto se sobe... mais probabilidades há de se precisar dos bombeiros. Coisas de sobradenses.


sinto-me: Quanto mais alto se sobe...
música: pinheirinho pinheirinho de ramos verdinhos

publicado por estoriasdaminhaterra às 11:22
Quinta-feira, 23 de Agosto de 2007

O Sr. Neto era, e é uma personagem caricata. Tinha um reportório de estórias e anedotas que parecia inesgotável, e onde estivesse não havia tristeza. Costumava contar uma estória a respeito do latim na missa que me deliciava quando era criança.

Como sabem, não há muito tempo que as missas ainda eram rezadas em latim, sendo que, como devem imaginar o comum da populaça limitava-se a seguir o latinório do senhor abade sem perceber um chavo.

O Sr. Neto contava uma ladainha que pode muito bem ser uma interpretação " ad hoc" do latinório missal, rezado por dois padres ( ou um padre e o sacristão),  com colocação de voz  a título de cantarol. Aqui vai.

 

E réu catrapéu e quem morreu vai para o céu ( um dos padres)

irá ou não irá cinco mil reis  para cá ( o outro retorna)

Seja pobre ou seja rico sem o meu é que eu não fico ( o primeiro padre)...

 

 


sinto-me: oremos

publicado por estoriasdaminhaterra às 16:58
Segunda-feira, 13 de Agosto de 2007

vista panorâmica sobre uma das agras de Sobrado ( agra da Costa) ao fundo a Igreja matriz de Sobrado

 

 

Em tempos idos Sobrado ( como todas as terras na época) tinha um regedor. O regedor era quem mantinha a ordem na terra e quem, no caso de haver quem fugisse à lei, a fazia cumprir. Tinha como braço direito, o cabo de ordens, que era a " personagem" que aplicava a lei, era uma espécie de mediador entre o regedor  e o povo.

Assim, certo dia o regedor, sabendo que um dos sobradenses que tinha por hábito contornar os rectos caminhos da lei, estava pela aldeia de Ferreira, chamou o cabo de ordens ( o mesmo da estória da pereira) e deu voz de prisão ao indecoroso sobradense . O regedor dirigiu-se então à "loje" do Mouta com o intuito de prender o meliante. Chegado ao local e perante a sua imperiosa ordem de o acompanhar até ao regedor, o meliante recusasse. Insiste novamente. Nova recusa.  O cabo de ordens não se dá por achado, com a calma que sempre o caracterizou, olha o rapaz com ar de quem " tem a sua ganha" e diz-lhe " Já te disse rapaz, vens comigo até ao regedor, nem que para isso seja preciso ir buscar os bois e as correntes a casa, mas ir vais"...

 



publicado por estoriasdaminhaterra às 16:11
Sexta-feira, 10 de Agosto de 2007

Há algumas "personagens" em Sobrado sobre as quais as estórias são recorrentes. A estória que conto hoje é de uma dessas personagens, o mesmo das galochas da vaca, do colchão com desconto entre outras... Esta é mais ou menos recente mas é a prova cabal que a hora do tacho ( de comer em família ) é mesmo sagrada.

O T'i Manel era um condutor tardio, daí que a sua habilidade ao volante deixasse muito a desejar. A prática ( em alguns casos) leva à perfeição, com ele  nunca tal aconteceu, mas também nunca deixou de conduzir.

Um dia, perto da hora de almoço domingueiro vindo o ti Manel na estrada Gandra-Sobrado , seguido por uma invejável fila de carros, chegado perto do lar assinala o pisca para a direita, de imediato o condutor que o seguia , vendo a oportunidade para dar "às de vila Diogo " ultrapassa-o. Asneira. No preciso momento em que o carro se mete a fazer a ultrapassagem, o Ti Manel , calmamente vira á esquerda com rumo à garagem de casa. Bateram, quer dizer o  outro condutor é que bateu no carro do Ti Manel . De quem era a culpa? Evidentemente, dizia o Ti Manel que era do outro, que se meteu a ultrapassar quando ele estava a fazer a manobra! Era do Ti Manel , dizia o condutor, que assinalou pisca à direita e virou à esquerda. Veio a polícia. Ainda estiveram naquele impasse algum tempo, mede daqui, alega dacolá nada feito. E o ti Manel a ver as horas passar... e a barriga a dar horas. Finalmente, toma uma decisão, dirige-se ao polícia e ao outro condutor e com uma parcimónia e pacatez próprio de quem sabe que tem a razão do seu lado diz:

Olhe, vocês vejam lá isso que eu já venho, é que está na hora do tacho e a mulher está à espera. E assim calmamente, atravessou a estrada, com rumo a casa, para " Tachar", enquanto os outros ( policia, condutor e curiosos), assistiam à cena atónitos.

Uma coisa é certa, felizmente ainda há quem considere as refeições em família um ritual sagrado.


música: xxxiiiiiii grrrrr pumm bateu
sinto-me: de acordo, horas são horas

publicado por estoriasdaminhaterra às 09:14
Segunda-feira, 06 de Agosto de 2007

Como já devem ter percebido Sobrado é terra de "bons garfos", as estórias   á volta das tainadas  parecem não ter fim, assim, l à continuo a minha " saga entre pratos" deixando mais uma estória para abrir o apetite.

Em tempos havia um sobradense que não andava lá muito católico das entranhas. Umas dores de barriga que " ai Jesus", não havia homem que aguentasse. Assim, e em desespero de causa, mete o sobradense pés ao caminho a ter com o Sr. Doutor. Muito embora antes, se imperasse a necessidade de forrar o estômago com alguma substância, que isto de médicos , nunca se sabe quanto tempo demora. P á ra assim num dos tascos sobradenses  e vendo uma luzente travessa de iscas de fígado, não se faz rogado, chama o " patrão" e encomenda a merendita. Coisa pouca, a travessa de iscas (toda), uma infusa ( caneca)de vinho e uma sêmea ...

Acabado o lanche, retoma o caminho até ao médico. Chegado ao " consultório" e observado pelo médico que lhe apalpou a barriga na procura de algo " suspeito", sentencia , por fim o médico, perante a cara atónita do sobradense : " Homem isso para mim é fígado !".

Não admira que depois o sobradense gabasse o competente médico que só a apertar-lhe a barriga logo viu que " era fígado "... (1)

 

(1)Obviamente a conclusão do médico não era que o sobradense tinha comido fígado, mas sim, que as dores de que se queixava eram provocadas pelo fígado.


música: Ai eu não sei o que me aconteceu, foi o figado ...
sinto-me: eheheheh

publicado por estoriasdaminhaterra às 16:20
Sexta-feira, 03 de Agosto de 2007

O Maria Rosa era um habitante de Gandra, logo por natureza " inimigo" dos Sobradenses. Vinha todos os dias ao café a Sobrado ( em Gandra não haviam cafés), de cabelo ao vento, e a bater o tacão das suas botas mexicanas. A sua postura arrogante e diferente dos demais fez com que os rapazes sobradenses o apelidassem de Maria Rosa e decidissem fazer-lhe uma espera. Assim, na calada da noite, na estrada que liga Moreiró a Sobrado, do meio do monte saíram-lhe uma mão cheia de sobradenses, com uma tesoura em riste. Fizeram-lhe a tosquia com hábil precisão, cortando-lhe as gadelhas em cruz latina. O Maria Rosa, que foi obrigado dessa forma a regressar a casa e cortar o cabelo " à homem", ainda seria objecto de outra estória na manhã seguinte ao acontecido. Vindo as irmãs deste de trabalhar ( da CIFA) e passando ao local escolhido pelos barbeiros sobradenses, vendo o cabelo no chão e em lugar ermo, desatam a correr até casa pensando que seria bruxedo. Só ao chegar a casa, viram o bruxedo que tinha sido feito...

A estória remete-me para os rituais de praxe académica praticadas nas universidades portuguesas, nas quais ( em algumas situações) se corta o cabelo aos caloiros no sentido de "uniformizar" e " rebaixar" , o contexto aqui é diferente visto que nenhum dos intervenientes era estudante universitário, mas a motivação parece-me similar, a vontade de humilhar e inferiorizar aquele que lhes parecia menor, no caso o gandarense. Só deve ter faltado mesmo a capa negra e o " Sed praxis dura praxis"...


música: a das tesouras
sinto-me: oh diabo, barbeiros!?

publicado por estoriasdaminhaterra às 11:23
O blogue estoriasdaminhaterra recolhe estórias da tradição oral sobradense bem como factos da vida comum de uma pequena vila dos arredores do Porto...
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