A estória de hoje aconteceu há umas dezenas de anos, quando ainda se podia fumar em qualquer lugar ( excepção feita a hospitais e igrejas) e quando fumar ainda era coisa quase só de homens cá por Sobrado.
Um dos novatos sobradenses tinha começado a dar as suas passas, o sublime trago da nicotina fazia-o sentir-se maior, mais homem, mais gente num tempo em que as gentes eram bem mais duras que agora. Era um mimo puxar do seu cigarro com gestos quase ensaiados e deleitar-se com umas passas bem dadas enquanto era admirado pelos amigos de vício. No entanto,o pai é que não podia saber deste súbito crescimento sob pena de lhe cortar as raízes.
Ora a " coisa" tornava-se então difícil para o viciado moço quando, por algum motivo lhe davam ganas de fumar em casa. Depois de muito ruminar ( ajudado pelos odores tabagistícos ) descobriu o lugar ideal para " matar a negra" lá por casa, a latrina.
Assim sendo, sempre que a vontade apertava ( a de fumar claro está) lá se dirigia o mancebo sorrateiremente à latrina para aliviar a volúpia. Mau passo dado. Já lá diz o ditado " Filho és, pai serás" e o pai do mancebo também tinha sido filho e fértil em ideias. Vai daí, numa das aflitas corridas do filho à latrina, o pai, à cata segue-o, prevenido com um balde de água. Aguarda, por fim vê fumo ( esbranquiçado) era a hora, de rompante abre a porta da latrina e apaga o fogo, informando calmamente o filho encharcado " Onde há fumo há fogo, e quando há fogo eu apago-o".