O S. João está à porta e ao contràrio do ano transacto, em que dediquei o mês de Junho inteiramente às estórias dos bugios e dos mourisqueiros, este ano o tempo foi escasso e a recolha pouco frutífera. Aproveito então para centrar a estória de hoje nas estórias do presente e na vivência do S. João por parte dos mais novos.
É comum por este tempo ver os mais novos a executar as danças da bugiada e da mouriscada, quem sabe treinando para um dia mais tarde. A estória de hoje passou-se á cerca de 15 dias na presença do Velho da bugiada, de um miúdo de 4 anos e de mais duas pessoas.
- Tu és o velho? pergunta o miúdo.
- Sou. Responde o velho.
- Eu sei dançar de velho melhor que tu. Desafia a criança.
Os presentes entreolham-se, contendo o riso e desafiam-no. O garoto começa a dança, de uma ponta à outra da sala, olhos fechados, compenetrado, bate os guias e os rabos imaginàrios. Não responde aos piropos. Salta a pés juntos. Cara de paixão. Dança de quem sabe o que está a fazer. Termina após cinco minutos de demonstração gratuita. Olha os presentes, que o olham a rir-se, fixa o velho e apenas lhe diz:
- Viste!?
É desta paixão que são feitos os sobradenses. A criança tem 4 anos, os bugios da família são escassos e o mais acérrimo destas andanças era o Bisavô ( e já morreu), que foi Velho da bugiada muitos anos.