Regressei. Há alturas na vida que devemos ouvir, assimilar, reflectir e depois escrever. Foi o que aconteceu. Andei em recolhas orais. Feito isto ( a introdução) regresso pois, ás lides bloguisticas com as estórias sobradenses de sempre.
A de hoje aconteceu em 1974. Já vem um bocado "fora do enquadramento" festivo que se vivia em Sobrado há um mês, mas mesmo assim merece figurar aqui hoje e agora.
Tempos houve em que a bugiada sobradense era mais afoita nas suas danças. Tinha mais garra, mais audácia, como se diz por cá tinha mais lata para fazer o improvável e fazer jus á fama que tinha de serem foliões quase doidos nas suas demonstrações.
Ora aconteceu que naquele ano de 1974 ( que choveu a cântaros e até fez uma cheia no rio Ferreira) saíram a encoberto das máscaras meia dúzia de bugias. Cinco de cá, uma outra de Bragança.
As de cá, conhecedoras da festa e da tradição, explicaram sumariamente á de Bragança que os bugios eram bizarros, levavam palha e urtigas e metiam-se com as moças, apalpando e beliscando numa brincadeira encoberta e permitida. As serpes que levavam nas mãos ( com uma artimanha que lhes fazia abrir as bocarras vermelhas) serviam para roubar doces ás doceiras e assustar os visitantes.
A de Bragança, ouviu e assimilou. E se depressa assimilou mais depressa pôs em prática. Em alegre e eufórica brincadeira ia apalpando as mamas às colegas e beliscando, metendo-se com este e com aquele gritando " Ela é nossa!" . E assim foram correndo as bugias e misturando-se na bugiada, apalpão aqui beliscadela ali, gargalhada acolá até que no meio das máscaras ( sempre as máscaras essa transfiguração do real) a de Bragança apalpa outro bugio ( confundida) apalpa o peito e vai descendo até aos guizos que ( antigamente) se penduravam na farda junto ás partes pudicas mas... oh diabo, que o bugio apalpado não tinha só os de metal mas também os dele. Era um bugio homem. As colegas a encoberto da máscara riam-se a bom rir. Ficou a história.