O roubo de fruta para matar a fome e tirar a barriga de misérias era prática comum entre a garotada sobradense de antigamente.
A estória de hoje relata uma dessas investidas de um grupo de gaiatos a pessegueiro da zona da Costa.
Numa dessas noites de luar de Agosto a garotada rondava as árvores de fruto da zona, pé ante pé tentavam perceber ( pelo cheiro) as árvores que tinham a fruta mais madura e mais á mão de semear. Calhou a sorte irem dar a um quintal sobranceiro ao caminho da Costa e pertencente a dois velhotes sem filhos. Mas ditou o azar de o quintal estar vigiado por um dos donos que, sentado num barraco descansava uma caçadeira no regaço. A malta pára. Mira a cena e aguça o ouvido. O velho ressona. Ronca a plenos pulmões. É a hora. pé ante pé chegam-se perto do idoso e retiram-lhe a arma do regaço, encostam-na perto dele mas suficientemente longe para este ter de se levantar em busca dela. Sobem o pessegueiro. Qual perfume e qual sabor a hora era de os deitar para a "soleirada" e dar á sola do quintal. O dono dorme. Descem da árvore, saltam o muro e... ala que se faz tarde. O dono acorda. Contava ele que com um barulhito assim Puc Puc foi ver o pessegueiro e na sua linguagem peculiar de quem é meio "tatarelho " "nem um pesssooog... Ah larápios".
Soleirada - Por dentro da camisola ou camisa.
Tatarelho- Alguém tato, que por falta de dicção não se expressa bem.