Depois de um afastamento não muito contestado por parte dos meus leitores ( que afinal parece que chegam a ser dois) regressei com estórias fresquinhas.
A de hoje remete-nos para mais um ilustre sobradense, habitual nestas andanças de estorietas das nossas gentes.
Ir ao médico acarreta várias etapas. A primeira ter uma doença ou pensar que se tem uma. A segunda marcar consulta e esperar q.b. para que a dita chegue antes da doença passar. A terceira descrever o que se tem ao médico, e suportar o olhar avaliador do doutor. A quarta fazer exames. E finalmente a quinta e não menos preocupante, o diagnóstico do médico, onde além dé termos a certeza que afinal não temos assim tanta saúde, temos de descortinar uma catrafada de termos técnicos com mais de 3 sílabas e que nunca ouvimos falar na vida.
Ora, por essas e por outras , por palavra aqui e acolá que, uns dos nossos decidiu por termo a esta incerteza de termos técnicos e maleitas crónicas, adoptando uma postura observadora e arrojada de cada ida ao médico.
Com um problema na cervical no apogeu da vida, as perspectivas não eram as melhores, o doente, na tentativa de ouvir melhores palavras dirigiu-se a outro doutor ( por ouvir dizer que era bom) para que este o observa-se. O que se segue é a descrição possível desta consulta, tendo em consideração que já lá vão 40 anos.
O médico, ouviu a sua história clínica com aquele distanciamento que é peculiar á sua classe. Pediu-lhe o relatório do seu anterior médico. O paciente disse-lhe que o relatório completo não tinha, mas que tinha alguns apontamentos do relatório, entregando-os. O médico leu-os de soslaio, fixou o paciente, e com ar inquiridor perguntou-lhe:
-Oh homem quem é que fez isto?
- Oh Sr.. doutor eu de cada vez que o médico saía, ou atendia o telefone eu olhava de soslaio para o relatório e tirava uma ou outra palavra que conseguia ler e memorizava-a, depois quando chegava a casa escrevia-a, e foi assim que reuni essas palavras todas...