Há três coisas que marcam a vida de uma pessoa, o nascimento, o casamento e o funeral. Umas mais que outras, mas todas três são marcos importantes na vida de um ser.
A estória que relato, verídica, é da segunda marca de vida de um antigo habitante da aldeia de Ferreira. Era um " panão", diz quem conta. Mas arranjaram-lhe casamento.
Os amigos ( da onça) fizeram-no crer que uma moça de Sobrado de cima havia aceitado casar com ele. O galaró envaideceu-se. Moça de "teres e haveres" haveria de ser "bô" negócio para a família. Mais uma vez os amigos ,dispuseram-se a tratar de tudo e marcaram a data para um desses dias do fim de Setembro, pela noitinha para fazer render o dia de trabalho.
Tudo a postos veio a noiva, toda cheia de não me toques ,de veú na benta, fazer o matrimónio. Ai que regabofe havia de ser quando a moça viesse cá para casa...
Ora diz-se por aí que antigamente o casamento era realizado mas nem sempre a noiva seguia para casa do noivo, acabando por ir muitas vezes dentro de dias ou semanas conforme lhe conviesse. Foi o que aconteceu.
No Domingo seguinte á saída da missa a irmã do noivo,jubilosa com a nova cunhada, mete a mão no braço da moçoila e alegremente diz-lhe " Anda cá mais nós, tu agora és nossa!"
A rapariga, a leste do desfez ali o mal entendido acabando por descobrir a marosca.
O que foi o que não foi, foram os amigos do fidalgo que lhe pregaram a partida, um vestiu-se de noiva, outro de padre e fizeram o casório. Foi o primeiro e último ( até á data) casamento gay em Sobrado.