Sobrado é uma terra bizarra. E até mesmo os seus bichos são por vezes bizarros. A estória que conto hoje foi-me contada já há algum tempo ( por quem já não me recordo) mas a seu exagero e claro a imaginação da cena ficaram-me gravadas na memória.
Muito antes do fenómeno da gripe das aves e de se ter de registar os galináceos na junta de freguesia e ter de dar baixa do óbito na mesma, Sobrado era uma terra próspera em galináceos bem criados e bem nutridos.
Os bichos lá levavam uma existência pacata, comendo e cacarejando nos muitos galinheiros existentes na vila. A sua existência consistia em engordar ( de preferência sem farinhas) ao ponto de ser uma invejável galinha caseira na hora de esticar o pernil e servir de conduto a quem a havia criado.
A estória de hoje retrata a morte fantástica de uma galinha fantástica, obviamente sobradense .
Depois de pegar o bicho pelo garganil há que a colocar no funil onde se lhe corta a cabeça, colocando-o, de seguida numa bacia junto com outros cadáveres dos seus congéneres .
Ora acontece que uma das galinhas sobradenses tinha um génio levado da breca, e deu que fazer antes e depois de lhe cortarem o pescoço.
Depois de muito espernear o carrasco lá conseguiu a custo mete-la no funil, o corte da cabeça foi complicado mas lá acabou por pôr termo ao espernear do bicho. Pelo menos pensava o carrasco pois, para seu espanto, quando colocou o corpo ( supostamente) inerte da galinha na bacia, o galináceo levanta-se e desata em correria louca chocando em tudo o que encontrava e mais estranho, contava o matador, cacarejando (!), como que em jeito de protesto. Coisas à Sobrado...