Terça-feira, 18 de Setembro de 2007

Sobrado é uma terra bizarra. E até mesmo os seus bichos são por vezes bizarros. A estória que conto hoje foi-me contada já há algum tempo ( por quem já não me recordo) mas a seu exagero e claro a imaginação da cena ficaram-me gravadas na memória.

Muito antes do fenómeno da gripe das aves e de se  ter de registar os galináceos  na junta de freguesia e ter de dar baixa do óbito na mesma, Sobrado era uma terra próspera em galináceos bem criados e bem nutridos.

Os bichos lá levavam uma existência pacata, comendo e cacarejando nos muitos galinheiros existentes na vila. A sua existência consistia em engordar ( de preferência sem farinhas) ao ponto de ser uma invejável galinha caseira na hora de esticar o pernil e servir de conduto a quem a havia criado.

A estória de hoje retrata a morte fantástica de uma galinha fantástica, obviamente sobradense .

Depois de pegar o bicho pelo garganil há que a colocar no funil onde se lhe corta a cabeça, colocando-o, de seguida  numa bacia junto com outros cadáveres dos seus congéneres .

Ora acontece que uma das galinhas sobradenses tinha um génio levado da breca, e deu que fazer antes e depois de lhe cortarem o pescoço.

Depois de muito espernear o carrasco lá conseguiu a custo mete-la no funil, o corte da cabeça foi complicado mas lá acabou por pôr termo ao espernear do bicho. Pelo menos pensava o carrasco pois, para seu espanto, quando colocou o corpo ( supostamente) inerte da galinha na bacia, o galináceo levanta-se e desata em correria louca chocando em tudo o que encontrava e mais estranho, contava o matador, cacarejando (!), como que em jeito de protesto. Coisas à Sobrado...

 



publicado por estoriasdaminhaterra às 12:05
Essa história fez-me lembrar uma cena bem bizarra e que me deixou aterrorizada nos meus tempos de criança. A minha avó também tinha o dito galinheiro e, numa certa altura festiva resolve matar um belo galo de penas bem coloridas que para lá andava a arrastar a asa às colegas de capoeira. Deita-o no chão...pé em cima das 2 asas juntas...uma mão a puxar o pescoço para trás e com outra, zás...dá um corte com a faca e o galo fica com o pescoço pendurado. Atira-o para dentro dum alguidar e, neste momento ele salta de lá com toda a genica e a correr quintal fora como um desalmado. Eu aos gritos de pavor e a minha avó a correr atrás do bicho só me dizia "Não grites porque senão ele não morre".
Ainda hoje não compreendo o que é que tinha o fundo das calças a ver com a feira das Galveias e ainda hoje detesto ver matar bichos! :-)
BVeijinhos
daplanicie a 18 de Setembro de 2007 às 18:38

Eheheh essa do " não grites senão ele não morre" é que não se percebe, seria preciso silêncio para morrer? eheheh está boa...

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O blogue estoriasdaminhaterra recolhe estórias da tradição oral sobradense bem como factos da vida comum de uma pequena vila dos arredores do Porto...
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