Segunda-feira, 22 de Outubro de 2007

As mortes por acidente de viação são sempre bruscas e, por norma abalam familiares e conhecidos. Há cerca de 20 anos morreu um sobradense numa situação dessas. Um acidente de mota em Ovar que acabou por vitimar condutor e acompanhante. A família, abalada fez seguir em representação para acompanhar o cortejo fúnebre até à terra, quatro elementos da família. Pai, primo, tio e tia ( freira).

Vindo em cortejo fúnebre a família vinha queda e muda, o tio e a tia ( freira) em oração compenetrada e o primo a conduzir. Chegados à ponte D. Luís, no Porto, e como para quebrar o silêncio o pai da vítima, quem sabe a pensar nas obras que estava a fazer cá em Portugal ( visto que era imigrante na França) pergunta de rompante, " Olhai lá a como é que está o cimento cá?!"

Ninguém lhe responde a não ser a cunhada, que olha de canto e com o tom de voz entre a indignação e a tristeza lhe ordena que se cale. O pai, condoído ainda protestou, que gostava de saber a como estava o cimento cá em Portugal, que à época estava sempre a subir. Ninguém lhe respondeu. Seguiram até Sobrado, com o jovem sobradense sobre terra. Não se sabe se terá ficado a saber o preço do cimento ou não, o certo é que hoje, ultrapassado o trauma da morte brusca ficou o preço do cimento como referência...



publicado por estoriasdaminhaterra às 10:24
Concordo com o que diz, no entanto o despropósito da situação não deixa de ser caricata, e se lhe juntarmos a estória " Sentimentos para todos" ( publicada aqui no blogue) do mesmo autor e no mesmo dia, a "coisa" fica ainda mais elucidativa... mas realmente cada pessoa tem a sua própria maneira de expressar a sua dor... Abraço, F.

O blogue estoriasdaminhaterra recolhe estórias da tradição oral sobradense bem como factos da vida comum de uma pequena vila dos arredores do Porto...
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