As mortes por acidente de viação são sempre bruscas e, por norma abalam familiares e conhecidos. Há cerca de 20 anos morreu um sobradense numa situação dessas. Um acidente de mota em Ovar que acabou por vitimar condutor e acompanhante. A família, abalada fez seguir em representação para acompanhar o cortejo fúnebre até à terra, quatro elementos da família. Pai, primo, tio e tia ( freira).
Vindo em cortejo fúnebre a família vinha queda e muda, o tio e a tia ( freira) em oração compenetrada e o primo a conduzir. Chegados à ponte D. Luís, no Porto, e como para quebrar o silêncio o pai da vítima, quem sabe a pensar nas obras que estava a fazer cá em Portugal ( visto que era imigrante na França) pergunta de rompante, " Olhai lá a como é que está o cimento cá?!"
Ninguém lhe responde a não ser a cunhada, que olha de canto e com o tom de voz entre a indignação e a tristeza lhe ordena que se cale. O pai, condoído ainda protestou, que gostava de saber a como estava o cimento cá em Portugal, que à época estava sempre a subir. Ninguém lhe respondeu. Seguiram até Sobrado, com o jovem sobradense sobre terra. Não se sabe se terá ficado a saber o preço do cimento ou não, o certo é que hoje, ultrapassado o trauma da morte brusca ficou o preço do cimento como referência...