Sobrado tem perdido a sua ruralidade. A cada ano que passa veêm-se mais terrenos a monte, mais construção, mais desenvolvimento, mais tudo. Tem, como em tudo na vida, os seus prós e contras.
A estória de hoje aconteceu num passado mais ou menos longínquo, quando Sobrado ainda conservava a sua ruralidade em estado bruto.
Nessa altura os bens alimentares eram "da casa", o porco que se matava, as batatas da horta, as couves, o feijão a cenoura do quintal, o pão do forno ( a lenha) de casa.
As actividades domésticas e familiares desenvolviam-se, essencialmente à lareira ( onde se cozinhava, dormitava, comia, conversava etc.).
Estando o inverno a bater à porta, a lareira já chamava os habitantes do pequeno casebre ao seu calor. Assim, reuniam-se à sua volta, pai, mãe, filhos e cão. À medida que as horas passavam , a conversa fora-se esmorecendo, a lareira também e o sono apoderando-se dos habitantes. Todos dormiam, lareira e candeia incluídos. A mãe acorda, e meia atordoada, lembra-se que não tinha posto o pão ao forno. Levanta-se e tacteia a cozinha, encontra a pá com a massa em cima, num gesto decidido "coloca" a massa no que julgava ser o forno. Puro engano. O luar, reluzia sobre a janela sem vidros,as estrelas faziam lembrar as brasas aiinda semi encandescentes, ludibriando assim a pobre camponesa que julgava a janela por forno. Só ao outro dia deu por ela, quando no forno não encontrou nada mais que espaço.