Quem entra em Sobrado é logo confrontado com um verdejante vale, rico em água, em árvores e em cultivo agrícola ( este último já foi mais rico do que é hoje). Os pomares e as árvores de fruto nos quintais contíguos às casas também são uma constante. É sobre uma dessas árvores que surge a estória de hoje - a pereira.
Havia um lavrador no lugar de Ferreira conhecido por ser amante de pregar partidas. Naquele tempo a fartura por muitas casas sobradenses era pouca ou nenhuma pelo que, era comum a malta mais jovem tentar colmatar essa falta de substância provando do que a natureza dava ( fruta) no quintal dos mais abastados.
Era comum os donos montarem guarda às hortas na esperança de dissuadirem estes " melros". Por vezes, faziam-lhes verdadeiras "caçadas" por esses baldios e cortinhas. O Ti' Tone , cabo de ordens, não era desses. Gostava mais de pregar partidas aos infractores. Assim durante o dia colocava meticulosamente pedras nos canos da pereira lá de casa, esperando depois, durante a noite o invasor. E era um mimo ver os " artistas" a abanar a pereira na esperança de que lhes caíssem algumas pêras cheirosas e fugirem a sete pés quando em vez de pêras lhes caíam pedras da calçada duras e sem qualquer tipo de substância a não ser algum galo na cabeça.
O dono obviamente apreciava a cena enquanto se ria dos desgraçados e das duras "pêras" que a sua pereira dava aos " gatunos".