Quinta-feira, 10 de Abril de 2008

Há quem diga que depois de uma inspecção da ASAE nada fica igual, mas eu digo que depois de uma inspecção dos antigos fiscais tudo ficava como dantes...

Numa dessas reuniões familiares em que uns se opunham a tanta fiscalização e outros a apoioavam brotou do contador de estórias oficial da família, mais uma pérola do " estorial" sobradense.

Outrora Sobrado possuía bons alambiques e boa aguardente. Ainda guardo na minha memória odorífica o cheiro característico do bagaço queimado. No entanto, as fiscalizações de que agora se queixam tantos não são exclusivas da actualidade, no antigamente da nossa memória também as havia, de maneira que até um abastado lavrador da Costa foi vítima delas.

Chegados os fiscais ao alambique do lavrador ( hoje em ruínas) inquiriram o mesmo sobre a quantidade produzida pelo lavrador, do precioso néctar, este tentando esquivar-se às questões directas dos fiscais foi enrolando a conversa, dizendo:

- Oh eu tudo o que faço e nada é tudo um...

- Mas quê, quantas pipas? perguntava o fiscal.

- Eh eu tudo o que faço e nada é tudo um... retornava o lavrador.

- E almudes, quantos almudes queima?

- É o que eu digo, tudo e nada  é tudo um. Rematava o lavrador encolhendo os ombros e disfarçando o olhar.

Este torna e não volta assim se manteve com os fiscais de um lado a perguntarem quanto produzia o lavrador, e o lavrador por outro, a responder sem dar resposta, até finalmente os fiscais desistirem, dando-se por vencidos e retomarem caminho por onde tinham vindo, sem nada saberem...

 


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sinto-me: tudo e nada é tudo um...

publicado por estoriasdaminhaterra às 13:38
O blogue estoriasdaminhaterra recolhe estórias da tradição oral sobradense bem como factos da vida comum de uma pequena vila dos arredores do Porto...
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