A estória de hoje é uma estória familiar. Daquelas bem portuguesas.
Estando a minha família, aqui há uns anos no velório de uma tia ( que faleceu solteira e sem filhos), a família mais chegada ia demonstrando o seu sentimento de perda com mais ou menor expressão, conforme o grau de afinidade que tinha com a tia falecida. Era uma tia querida para grande parte dos sobrinhos e dos irmãos, sendo que se juntou grande parte da familia para o velório, incluindo aqueles que não aparecem noutras ocasiões que não baptizados casamentos e velórios.
Estando a chegar a meia noite, e as horas a custar a passar, entra um rapaz alto e forte no velório que prontamente cumprimenta a restante família, expressando as suas condolências. Era um daqueles sobrinhos que poucos conhecem mas que mesmo assim lhe reconhecem o parentesco.
Ora acontece que uma irmã da falecida ( conhecida pelas suas saídas perspicazes) não reconheceu o sobrinho, sendo que no meio de sentida e condoida dor, quando este se afasta, levanta a cabeça em direcção ao rapaz e pergunta à pessoa que estava ao lado " quem era aquele!?", tentando dessa forma localizar a categoria da condolência. Foi-lhe então explicado, em surdina, que era filho de uma sobrinha, segundo sobrinho da falecida irmã e seu também. A nobre senhora, olha-o novamente de cima abaixo,acena com a cabeça e lança o repto " É cá um centrião!". Risota total ( de quem ouviu na hora e de quem ouviu depois o relato). Além do inusitado comentário, a mana fez também um trocadilho com o verdadeiro nome, de centurião para centrião.
Centurião- soldado romano, conhecido pela sua robustez fisica. Em Sobrado era usual chamar centurião a homens fortes e robustos.