Sexta-feira, 01 de Junho de 2007

Mas a festa de s. João de Sobrado não é só a lenda, existem outras vertentes ( possivelmemte importadas de outras festividades), os "trabalhos" da tarde que incluem o ritual da cobrança dos direitos, a sementeira, gradar e lavrar a praça terminando com a dança do cego. São, de certo modo um complemento da festa, que nos transportam no tempo e na imaginação.

 

Cobrança dos d'reitos

È costume dizer-se sobre os sobradenses que " andam sempre ao contrário", possivelmente a expressão surge graças ao facto de estes rituais ( agricolas) serem realizados no dia de S. joão em ordem inversa.

Aparece o cobrador de impostos ( bugio), montado num burro às avessas, que vai de tasco em tasco cobrando os impostos. Leva um livro ( livro do albino) onde aponta todas as contas, molha o lápis no ânus do burro. Os tasqueiros pagam o tributo em géneros, normalmente bebidas.  A linguagem brejeira e a algazarra dos bugios que o acompanham tornam a cena surrealista.

 

A sementeira

Novamente montado num burro, ás avessas, percorre o passal um lavrador ajudado pelos bugios ( que guiam o animal) que lança sementes na praça ( as sementes são nada mais nada menos que serrim, escrementos e outrora baganha do linho). O lavrador dá a volta á praça, enquanto ( novamente) vai estabelecendo diálogos brejeiros com bugios e assistentes ( que na festa nunca são assistentes passivos mas sim activos, na medida em que participam se misturam).

 

A grade

O ritual de gradar a praça, começa também com o lavrador e os bugios, seus ajudantes. Há uma grade improvisada, puxada por um burro ou cavalo. O lavrador vai gradando a praça, ao sabor do percurso traçado pelos bugios ( nem sempre alinhado, mas sempre o mesmo). O lavrador vai discutindo com os bugios afim de acertarem o percurso. Mistura-se na assistência, " esfrega-se" com a sua roupa imunda no público. Prossegue a empreitada, fazendo o percurso circular do passal. A grade termina desfeita.

 

A lavra

Novamente o lavrador e os bugios. A mesma cena, instrumento agricola diferente. O mesmo percurso.

 

Dança do cego ( sapateirada)

Um dos pontos altos da festa. Um sapateiro, a mulher que fia, um moço que ajuda. Um cego que chega guiado por uma vara pelo seu moço. O cego cai. O moço de cego rapta a mulher e sapateiro. O sapateiro enfurece-se com o Cego, bate-lhe com uma vara desalmadamente, mas rapidamente se apercebe que o ladino moço lhe levou a mulher ( que não andava muito satisfeita com a vida que levava). Procura-os. Encontra o moço que o desafia para o jogo do pau, vence-o, é restituída a ordem inicial. No desenrolar a cena, os diálogos brejeiros, a lama e a bosta são uma constante. 

 

Nota: todas as personagens aqui referidas se encontram mascaradas.

Nota 2: Mais informações sobre a lenda, e outras particularidades da festa no blogue http://bugiosemourisqueiros.blogspot.com/ no link sobre a festa


sinto-me:

publicado por estoriasdaminhaterra às 11:25
O blogue estoriasdaminhaterra recolhe estórias da tradição oral sobradense bem como factos da vida comum de uma pequena vila dos arredores do Porto...
Dezembro 2010
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4

5
6
7
8
9
10
11

12
14
15
16
17
18

19
20
21
22
23
24
25

26
27
28
29
30
31


pesquisar neste blog
 
subscrever feeds
blogs SAPO