Quarta-feira, 30 de Maio de 2007

O meu bisavô era um homem imponente. E recto. A estória dele relata o modo como educou os filhos e o seu sentido de justiça.

Haviam dito, de um filho, coisas impróprias à época, tendo o zunzun da situação chegado aos ouvidos do meu bisavô. Chamou o filho " á pedra" e pediu esclarecimentos. O jovem lá se esclareceu consoante podia e sabia. O pai meditou, e deu de sentença. Que tivesse uma conversa de pé de orelha com o autor da difamação ( afim de limpar o nome). Local marcado - à saída do adro da igreja, após a missa de domingo. A cobrir a situação, o meu avô, à época com 14/15 anos e o irmão com uns 17/18. O pai assistiria de longe. Assim foi.

À saída do adro colocou-se um irmão de cada lado do portão. Sai o meliante, o irmão ofendido pergunta-lhe se não tem nada para dizer. Não lhe dá tempo para responder, agarra-o pelos colarinhos e acerta-lhe o passo ( como quem malha centeio). Os fieis cercam a luta, há quem tente apartar, o irmão mais novo interpõe-se ameaçando, " quem se meter vai prali também. Ninguém se mete. De longe o pai assiste. Quando vê que já está em boa conta o acerto, desce calmamente o passal, coloca a mão no ombro do filho e diz : " Anda daí rapaz, vamos para casa." Abandonam o três o local, calmamente, o outro jovem fica no chão. Estavam ajustadas as contas e limpo o nome.  


sinto-me: justiceiros
música: Toma que já almoças-te

publicado por estoriasdaminhaterra às 13:49
O blogue estoriasdaminhaterra recolhe estórias da tradição oral sobradense bem como factos da vida comum de uma pequena vila dos arredores do Porto...
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