Quarta-feira, 04 de Julho de 2007

 

Muitas vezes ao relembrar as estórias que me contam da terra dou comigo a entrar num reino maravilhoso, como se a terra e os seus habitantes não existissem senão em estórias, e as peripécias de umas gentes tão peculiares como os sobradenses fossem desenhadas pelas palavras de um contador de histórias experiente e que sabe bem como cativar os seus leitores ( um pouco ao jeito de Garcia Marquez no seu livro " Cem anos de solidão" que retrata a saga da família Buendía). Bem, Sobrado não tem um Garcia Marquez para escrever, nem uns Buendía para protagonistas mas tem, por outro lado tantas estórias que davam para escrever um livro. E um daqueles com muitas folhas.

A "narrativa" de hoje ( já bem encabeçada com uma introdução como manda o figurino!) conta mais uma viagem de dois sobradenses ( moços na altura, hoje já bem maduros) ao Porto. Motivo de festa  e de encher a pança como devia ser.

A ida decorreu normalmente. De manhã cedo, porque de manhã começa o dia, e Deus ajuda quem cedo madruga. Chegados à invicta, trataram de arranjar onde comer. Um tasco manhoso que um dos amigos conhecia. Chegados ao local, trataram de encomendar a comida. Para seis. Os restantes estavam a " trabalhar" mas ao meio dia viriam comer.

Chega a hora do almoço. Apresentam-se os dois amigos para almoçar. A servente, indignada por só virem dois, pergunta pelos colegas, e se queriam que servisse já a refeição.

- Ah eles vêm aí, vá trazendo a comida, que eles vêm aí.

A rapariga assim fez. foi trazendo a comida de dois, de três de quatro, de cinco de seis... e os outros quatro sem aparecerem.

Os dois sobradenses, ciosos, trataram de não deixar a comida arrefecer na travessa, comendo-a com voraz apetite. Os outros quatro, nem vê-los.

- Ah eles não se perdem, e nós cá também não nos havemos de perder. - diziam os dois amigos cada vez que a rapariga trazia mais uma travessa e perguntava pelos restantes " comedores".

Chegados ao balcão, bem comidos e bem bebidos, trataram de pagar. Á cabeça obviamente que não estavam para manter pançudos...

 

 


música: sou um mestre da culinária
sinto-me: campónia

publicado por estoriasdaminhaterra às 11:03
O blogue estoriasdaminhaterra recolhe estórias da tradição oral sobradense bem como factos da vida comum de uma pequena vila dos arredores do Porto...
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