Terça-feira, 11 de Setembro de 2007

Sobrado

 

É comum por terras sobradenses ( ricas em água) as casas terem um poço. Embora hoje em dia se utilize mais a água da companhia, os poços têm subsistido. A casa do meu avô não é excepção. Tem um poço ao pé do tanque que é essencialmente utilizado para as regas do quintal. Mas o poço do meu avô não é um poço qualquer, tem uma estória a ele associada, daquelas tipicamente sobradenses .

Conta o meu avô que quando comprou o terreno ( com um pequeno casebre onde viviam dois velhotes entretanto falecidos) a casa já tinha o actual poço.

Dizia-se que o casal, sem filhos, se dava pior que cão e gato, que andavam sempre de candeias ás avessas, e realmente havia de facto vestígios de tão cândida e " serena" relação.

Parece que cada vez que o caldo entornava, o que se sentia primeiramente " atingido" por alguma infamia , vingava-se atirando algum pertence do outro ao poço, que por sua vez também se vingava atirando algo do cônjuge também ao poço. Colheres da sopa, martelos entre outras relíquias foram retirados do fundo do poço da primeira vez que foi afundado. Era a estória a ser levantada do fundo do poço no verdadeiro sentido da palavra. E deviam ter sido bastantes as discussões porque mesmo quase 50 anos depois da primeira obra no poço, foi feita uma outra e ainda se encontraram mais alguns vestígios, entre eles uma concha da sopa toda enferrujada, que foi guardada como " prova do crime". Realmente o ditado tem razão " Olho por olho dente por dente".


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música: Quando a cabeça não tem juízo
sinto-me: por caminhos do passado

publicado por estoriasdaminhaterra às 11:18
O blogue estoriasdaminhaterra recolhe estórias da tradição oral sobradense bem como factos da vida comum de uma pequena vila dos arredores do Porto...
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